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30/03/2010

"A Bossa Brasileira de Heitor Villa-Lobos" [BRLP 004]

É com grande felicidade que trago aqui o álbum “A Bossa Brasileira de Heitor Villa-Lobos”, uma coleção de melodias selecionadas dentro da face, digamos, popular na vasta e pouco conhecida obra de nosso maestro-compositor mais genial. Longe de qualquer pretensão didática, produzimos uma coleção com algumas das nossas melodias favoritas do mestre, na intenção de captarmos um pouco a bossa da sua música. Como colcha de retalhos, há gravações de diferentes artistas registradas em diferentes épocas, selecionadas entre intérpretes que tiveram a trajetória musical de alguma forma ligada à música de Villa-Lobos.

Sob a pauta erudita estão canções populares brasileiras: valsas, canções folclóricas, choros, serestas, modinhas, cirandas, estudos, prelúdios e até uma adaptação de canção indígena. “A Bossa Brasileira de Heitor Villa-Lobos” traz um pouco do mundo genial de melodia, construção e forma que há na música do compositor. Uma música que ao mesmo tempo em que sinaliza ao futuro, com estruturas cíclicas, repetições e dissonâncias, parte de um sólido conhecimento de toda música do passado. Elementos que moldam uma música atemporal.

A coleção está dividida em duas partes, porém propomos uma audição integral dos volumes, a ordem das faixas percorre diversos caminhos indicados pelo mestre em cada composição, como viagem ao mundo dos sonhos. Onde sopranos do quilate de Lia Salgado, Bidú Sayão, Maria Lúcia Godoy e Cristina Maristany, se juntam a vozes populares como as de Inezita Barroso, Maria Bethânia, Cida Moreira, Monica Salmaso e Gisa Nogueira. E os pianos geniais de Alceu Bocchino, Arnaldo Estrela, José Echaniz, Miguel Proença, Homero de Magalhães, Murillo Santos, Antônio Guedes Barbosa e Sonia Maria Strutt, se juntam a perfeição dos violões de Turíbio Santos, Laurindo Almeida, Waltel Branco, Sebastião Tapajós, Antônio Carlos Barbosa Lima e Sérgio Assad.

Todas as faixas merecem audição atenta, mas vale destacar algumas melodias. Como a belíssima “Valsa da Dor”, interpretada por Arnaldo Estrela, de modulação ao mesmo tempo sofisticada e singela. Ou a adaptação da ciranda infantil “Que Lindos Olhos”, interpretada pelo pianista Homero de Magalhães, na qual Villa-Lobos imprime beleza na melodia em diversos fragmentos interligados.

Ary Barroso & Villa-Lobos em 1958.

A belíssima “Evocação” surge grande na voz de Lia Salgado, uma das mais completas intérpretes do Lied Brasileiro. Com ela há ainda uma fantástica adaptação da ciranda “Nesta Rua”, a divertida “Vida Formosa”, a densa “Inhapopê” e numa gravação rara, a minimalista “Canção do Marinheiro” com poema de Gil Vicente.

Nossa querida Lenita Bruno comparece perfeita no “Lundú da Marquesa de Santos” com orquestra sob direção do genial maestro Léo Peracchi. Já Maria Lúcia Godoy, uma das mais belas vozes que a música de Villa-Lobos já conheceu, canta a enigmática “Saudades da Minha Vida”, a bonita “Modinha” com poesia de Manuel Bandeira, “Realejo” e a “Canção da Folha Morta” com letra do poeta Olegário Mariano.

Bidú Sayão, considerada uma das mais completas cantoras líricas de todos os tempos, aparece em gravações onde a orquestra é regida pelo próprio maestro-compositor, a famosa “Ária” da “Bachiana Brasileira no. 5”, com letra de Ruth Valadares Correia, e a belíssima “Melodia Sentimental”, com poesia de Dora Vasconcelos - talvez a mais bela canção brasileira, que também aparece em outra belíssima gravação na voz e na interpretação de Maria Bethânia.


Bidú Sayão e Villa-Lobos em 1959.

A pianista Sonia Maria Strutt, sobrinha de Villa-Lobos, participa com muita competência em gravações datadas do final dos anos 50, como “Artimanhas” e a incrível “Nenê Vai Dormir” ambas da “Suíte Infantil no. 1” composta em 1912. E em “Manquinha” e “Acordei de Madrugada”, ambas do “Guia Prático” de 1932. Tanto nas adaptações quanto nas composições próprias, o ouvido atento perceberá traços de melodias de ninar tradicionais na musica, numa linguagem que se aproxima claramente da usada hoje nos samplers. Já o “Prelúdio no. 1” é interpretado com surpreendente sentimento pelo Antônio Carlos Barbosa e Lima, em gravação de 1959 quando o violonista tinha apenas 13 anos de idade.

“Viola Quebrada” composta sob poema de Mário de Andrade, aparece na voz de Cristina Maristany e no piano de Alceu Bocchino, responsáveis também pela interpretação da canção indígena “Hozani-na” e pelo belo “ponto de macumba” “Estrela É Lua Nova”. Já “Cantilena”, melodia tradicional “de pretos do recôncavo baiano” [como anotado no selo do disco original de 1955] adaptada por Villa-Lobos, é cantada com propriedade por Inezita Barroso.

A canção de ninar “Terezinha de Jesus” desconstruída por Villa, com o auxilio do piano de Homero de Magalhães, abre a segunda parte do álbum e é uma dos momentos mais incríveis da coleção. Outra peça belíssima para violão é o “Prelúdio no. 2” interpretado pelo grande Waltel Branco em uma gravação registrada em 1974. Seguida pelo registro de 1957 do violão de Laurindo Almeida com “Gavotta Choro”.
O famoso ”Trenzinho do Caipira” é totalmente recriado por Egberto Gismonti, em uma gravação radical, onde aparecem sons do sertão brasileiro modulados por sintetizadores.

O grande violonista Turíbio Santos comparece em “Prelúdio no. 5 em Ré Maior”, no “Estudo no. 1 em Mi Menor” e em uma gravação rara de 1960 ao lado de Oscar Caceres “A Lenda do Caboclo”. Há ainda os violões de Sérgio Assad e do mestre Sebastião Tapajós. Além da personalidade de Cida Moreira na recriação da densa “Canção do Amor” e a doçura de Monica Salmaso para “Cai a Tarde”, ambas sob poemas de Dora Vasconcelos.

Encerrando a coleção, Gisa Nogueira canta o samba “Quando Uma Estrela Sorri”, assinado por Villa-Lobos, pelo jornalista e compositor David Nasser e pelo grande sambista Donga. Samba criado nas ocasiões em que Villa ao lado dos bambas subia o morro para beber mais um pouquinho da fonte pura da bossa. Mas esta, já é outra história...

Feche os olhos e ouça.





“A Bossa Brasileira de Heitor Villa-Lobos” - primeira parte BRLP 004/A

“A Bossa Brasileira de Heitor Villa-Lobos” - segunda parte BRLP 004/B

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Primeira Parte

01 Arnaldo Estrela “Valsa da Dor” [Heitor Villa-Lobos] 1958
02 Sonia Maria Strutt “Artimanhas” [Heitor Villa-Lobos] 1959
03 Lia Salgado & Alceu Bocchino “Evocação” [Villa-Lobos, S. Salema] 1957
04 Lenita Bruno “Lundú da Marquesa de Santos” [Villa-Lobos, Viriato Correia] 1959
05 Turíbio Santos “Prelúdio no. 5 em Ré Maior” [Heitor Villa-Lobos] 1971
06 José Echaniz “Boneca de Pano” [Heitor Villa-Lobos] 1955
07 Sonia Maria Strutt “Nenê Vai Dormir” [Heitor Villa-Lobos] 1959
08 Maria Lúcia Godoy & Miguel Proença “Saudades da Minha Vida” [Villa-Lobos, Milano] 1983
09 Bidú Sayão, orquestra reg. Villa-Lobos “Melodia Sentimental” [Villa-Lobos, Dora Vasconcelos] 1959
10 Turíbio Santos “Estudo no. 1 em Mi Menor” [Heitor Villa-Lobos] 1963
11 Inezita Barroso “Cantilena” [adaptação Villa-Lobos, recolhido por Sodré Viana] 1955
12 Antônio Carlos Barbosa Lima “Prelúdio no. 1” [Heitor Villa-Lobos] 1959
13 Maria Lúcia Godoy “Modinha” [Villa-Lobos, Manuel Bandeira] 1977
14 Sebastião Tapajós “Cadência” [Heitor Villa-Lobos] 1968
15 Cristina Maristany & Alceu Bocchino “Viola Quebrada” [Villa-Lobos, Mário de Andrade] 1960
16 Lia Salgado & Murillo Santos “Nesta Rua” [adaptação Villa-Lobos] 1959
17 Maria Lúcia Godoy & Miguel Proença “Realejo” [Villa-Lobos, A. Moreira] 1983
18 Cida Moreira “Canção do Amor” [Villa-Lobos, Dora Vasconcelos] 2007
19 Homero de Magalhães “Que Lindos Olhos” [adaptação Villa-Lobos] 1960



Segunda Parte

01 Homero de Magalhães “Terezinha de Jesus” [adaptação Villa-Lobos] 1960
02 Lia Salgado & Alceu Bocchino “Vida Formosa” [ambientação Villa-Lobos] 1957
03 Maria Lúcia Godoy & Miguel Proença “Canção da Folha Morta” [Villa-Lobos, Olegário Mariano] 1983
04 Sonia Maria Strutt “Manquinha” [Heitor Villa-Lobos] 1959
05 Waltel Branco “Prelúdio no. 2” [Heitor Villa-Lobos] 1974
06 Laurindo Almeida “Gavotta Choro” [Heitor Villa-Lobos] 1957
07 Sérgio Assad “Mazurka Choro” [Heitor Villa-Lobos] 1978
08 Lia Salgado & Murillo Santos “Nhapopê” [adaptação Villa-Lobos] 1959
09 Cristina Maristany & Alceu Bocchino “Hozani-na” [adaptação Villa-Lobos] 1960
10 Egberto Gismonti “O Trenzinho do Caipira” [Heitor Villa-Lobos] 1987
11 Turíbio Santos & Oscar Caceres “Lenda do Caboclo” [Heitor Villa-Lobos] 1960
12 Sérgio Assad “Chorinho” [Heitor Villa-Lobos] 1978
13 Cristina Maristany & Alceu Bocchino “Estrela É Lua Nova” [adaptação Villa-Lobos] 1960
14 Homero de Magalhães “A Condessa” [adaptação Villa-Lobos] 1960
15 Sonia Maria Strutt “Acordei de Madrugada” [Heitor Villa-Lobos] 1959
16 Lia Salgado & Murillo Santos “Canção do Marinheiro” [Villa-Lobos, Gil Vicente] 1959
17 Antônio Guedes Barbosa “Prelúdio, Bachianas no. 4” [Heitor Villa-Lobos] 1986
18 Bidú Sayão, orquestra reg. Villa-Lobos “Ária, Bachianas no. 05” [Heitor Villa-Lobos, Correia] 1959
19 Maria Bethânia “Melodia Sentimental” [Villa-Lobos, Dora Vasconcelos] 2003
20 Monica Salmaso “Cai a Tarde” [Villa-Lobos, Dora Vasconcelos] 1999
21 Gisa Nogueira “Quando Uma Estrela Sorri” [Villa-Lobos, Donga, David Nasser] 1974


Este disco é um presente exclusivo
do site
bossa-brasileira.blogspot.com
e não pode ser comercializado.

27/10/2009

"Minha" Dolores Duran

Dolores Duran foi uma das maiores compositoras e intérpretes da Música Brasileira, ouso mesmo dizer que da música mundial. Foi com felicidade que recebi o convite do Milan para elaborar esta coleção de canções para seu site Parallel Realities Studio, que sempre enfoca belas vozes femininas do Brasil.

Dolores Duran é um caso único na história da nossa música. Surgiu como menina-prodígio capaz de impressionar o exigente Ary Barroso na sua primeira aparição frente aos microfones de uma emissora de rádio. Tornou-se, no auge de sua trajetória, uma bela mulher, dona de uma personalidade magnética, mulata de musicalidade absoluta e um par de bochechas que teimavam em sustentar o constante e largo sorriso.
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Sua voz rouquinha de emissão não muito potente cantou a tristeza de maneira impressionante, porém, ao mesmo tempo era capaz de levantar o astral de todos à sua volta com intermináveis anedotas e imitações das manias e trejeitos dos seus colegas da boemia carioca. Era o centro das atenções em todas as mesas que freqüentava, aliando graça, inteligência e sagacidade. Seus versos rebuscados e confessionais em “A Noite do Meu Bem”, são até hoje muitas vezes interpretados em tom de tristeza, sendo a música na verdade, uma ode à alegria de se encontrar o ser amado. Dolores tinha facilidade em aprender línguas e absorveu de maneira genial a música e a cultura de outros países, cantando perfeitamente em inglês, francês, espanhol e italiano. A consciência política a levou a se apaixonar pelo socialismo, e ela chegou a se apresentar na antiga União Soviética ao lado de Nora Ney, Jorge Goulart do Conjunto Farroupilha entre outros artistas. Num mundo profissional totalmente machista e bastante racista, onde a criatividade duelava marcadamente com a competição musical, ela conseguiu impor respeito, dando um passo além de muitos de seus colegas e contemporâneos. Sua arte é atemporal. Dolores Duran é um patrimônio artístico deste país.

Nesta coleção procurei selecionar de seu repertório, as canções baseando a escolha num tom pessoal. O resultado me surpreendeu, pois acabou mostrando o quanto moderna era a sua interpretação, e o quanto modernos eram também os compositores, os arranjos e o repertório escolhido a dedo pela grande sensibilidade da cantora. Para o efeito ser completo, o ideal é ouvir a coleção como um disco, na seqüência, do início ao fim. São sambas, sambas-canção, boleros, jazz e até mesmo baião, em uma viagem por todo o mundo musical particular de Dolores. Os fonogramas também receberam um leve tratamento digital para dar unidade ao som. Entre as canções em outras línguas há até mesmo uma em esperanto - “Nigraj Manteloj”, versão para a famosa “Coimbra” [de Errao, Galhardo, na versão de Baena].
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Não poderiam ficar fora grandes interpretações que se tornaram também sucessos como “My Funny Valentine” [Rodgers, Hart], “Canção da Volta” [Ismael Netto, Antônio Maria], “A Noite do Meu Bem” [Dolores Duran], “Conversa de Botequim” [Noel Rosa e Vadico], “Viva Meu Samba” [de Billy Blanco] e “Por Causa de Você” [a parceria mais famosa de Dolores Duran e Antônio Carlos Jobim]. Ao lado destas, algumas canções menos conhecidas, porém não menos geniais, como “Estranho Amor” [do mestre Garoto com letra de David Nasser], “Quem Foi?” [de Nestor de Hollanda e Jorge Tavares], “Ave Maria Lola” [S. Siaba], “Bom É Querer Bem” [de Fernando Lobo], “Onde Estará Meu Amor?” [da compositora Lina Pesce] e a incrível “Minha Toada” [composição de Dolores Duran e do saudoso Edson França, outro gênio musical, mais conhecido pela bela voz a frente do Trio Irakitan].

Em todos os gêneros e paisagens musicais por onde Dolores Duran passeou, há genialidade, doçura, humor e muita emoção. Modelando assim uma rara perfeição musical capaz de emocionar até mesmo as pedras do caminho. Afinal, passada a tristeza da perda, não importa se ela nos deixou cedo, importa sim, o que ela nos deixou. Divido então, um pouco da “Minha” Dolores, com todos vocês.

“Minha Dolores por Thiago Mello”
2009 [Bossa-Brasileira & Parallel Realities Studio]

01 Bom É Querer Bem [Fernando Lobo]
02 My Funny Valentine [Rodgers, Hart]
03 Solidão [Dolores Duran]
04 A Noite do Meu Bem [Dolores Duran]
05 Estranho Amor [Garoto, David Nasser]
06 Ave Maria Lola [S. Siaba]
07 Minha Toada [Edson França, Dolores Duran]
08 Na Asa do Vento [Luiz Vieira, João do Vale]
09 Viva Meu Samba [Billy Blanco]
10 A Banca do Distinto [Billy Blanco]
11 Conversa de Botequim [Noel Rosa, Vadico]
12 Manias [Flávio Cavalcanti, Celso Cavalcanti]
13 Nigraj Manteloj [Coimbra em Esperanto] [Errao, Galhardo, Baena]
14 Sinceridad [G. Perez]
15 An Affair to Remember [Adamson, Mcarey, Chandler, Warren]
16 Onde Estará Meu Amor? [Lina Pesce]
17 Canção da Volta [Ismael Netto, Antônio Maria]
18 Quem Foi? [Nestor de Hollanda, Jorge Tavares]
19 Pra Que Falar de Mim? [Ismael Netto, Macedo Neto]
20 Por Causa de Você [Dolores Duran, Antônio Carlos Jobim]

Este disco é um presente dos blogs:
Parallel Realities Studio & Bossa-Brasileira
E não pode ser comercializado.

17/11/2008

Carnaval em Bossa [BRLP 002]

Começamos com a reedição da coletânea “Carnaval em Bossa”, depois de muito tempo fora do ar, ela volta com nova capa e ajustes no som. Agradeço a paciência dos amigos que nunca deixaram de pedir pela reedição.

“Através da música, o Carnaval do passado pode ser revisto. Algumas das marchas e sambas carnavalescos que se tornaram célebres - na verdade a sua grande maioria - não atravessaram o tempo. É uma produção que ainda está a ser descoberta. O blog Bossa-Brasileira produziu uma coletânea, com exemplos deste rico painel musical, também uma indicação de pesquisa. Aqui, apenas um singelo exemplo, um pequeno painel do que de melhor foi gravado em música de Carnaval no Brasil. São em sua maioria marchinhas, alegres ou melancólicas e alguns sambas. Todos representantes legítimos do som que se fazia e se ouvia no Carnaval Brasileiro de outras épocas.”

“Uma das preferidas da casa Aurora Miranda comparece em quatro faixas, irresistível como sempre. Sua irmã Carmen Miranda, em três - incluindo a impagável “Good-bye” [de Assis Valente]. Há outra Carmen - a Barbosa - que bela voz ela revela e que sincopado! As Irmãs Pagãs também destilam sua beleza. E que dizer da voz de Lolita França em “Tahí” [Joubert de Carvalho]... Era a bossa de 1939... Há também os cantores, os obrigatórios Francisco Alves, Mário Reis, Almirante e Orlando Silva. Carlos Galhardo também é um dos preferidos da casa, ouçam “Mariposa” [de João da Baiana, Wilson Batista] e tirem suas próprias conclusões. A malandragem também não poderia ficar de fora, neste quesito temos Vassourinha, Noel Rosa ao lado de Marília Batista e a inacreditável Dora Lopes. Para não falarem que o samba é somente carioca temos também a graça de Isaurinha Garcia. Alguns dos melhores intérpretes e muitos dos melhores compositores: Assis Valente, Herivelto Martins, Benedito Lacerda, Ismael Silva, Noel Rosa, Lamartine Babo, Wilson Batista, Haroldo Barbosa, Custódio Mesquita, Antônio Almeida e outros, a lista é longa. Este é “Carnaval em Bossa”, um belo presente!”

“Carnaval em Bossa” [BRLP 002]

01 Lolita França “Pra Você Gostar de Mim [Tahi]” [Joubert de Carvalho] 1939
02 Aurora Miranda “Que Horas São Estas” [A. Almeida, O. Santiago] 1939
03 Almirante “História do Brasil” [Lamartine Babo] 1933
04 Dora Lopes “Velho Borocochô” [Dora Lopes, J. Batista, N. Viana] 1954
05 Almirante “Menina Oxigenê” [Hervê Cordovil, Lamartine Babo] 1933
06 Carmen Miranda “Good-Bye” [Assis Valente] 1932
07 Irmãs Pagãs “Água Mole em Pedra Dura” [M. Moreira, S. de Mello] 1939
08 Carmen Barbosa “Loteria do Amor” [Aldo Cabral, Benedito Lacerda] 1940
09 Orlando Silva “A Primeira Vez” [Marçal, Armando, Bide] 1940
10 Aurora Miranda “Quando a Lua Vem Saindo” [Alberto Ribeiro] 1938
11 Carlos Galhardo “Mariposa” [João da Baiana, Wilson Batista] 1940
12 Aurora Miranda “Não Vejo Jeito” [Ismael Silva] 1939
13 Carmen Miranda “E o Mundo Não Se Acabou” [Assis Valente] 1938
14 Dalva de Oliveira & Francisco Alves “Andorinha” [H Barbosa, H Martins] 1945
15 Aurora Miranda “Se a Lua Contasse” [Custódio Mesquita] 1933
16 Vassourinha “Chik Chik Bum” [Antônio Almeida] 1941
17 Carmen Miranda “Ao Voltar do Samba” [Sinval Silva] 1934
18 Carmen BarbosaNo Picadeiro da Vida” [B. Lacerda, H. Martins] 1937
19 Quatro Ases e Um CoringaMarcha do Caracol” [A. Teixeira, Peterpan] 1950
20 Mário ReisMais Uma Estrela” [B. de Oliveira, H. Martins] 1934
21 Francisco AlvesVai Meu Samba” [Custódio Mesquita] 1936
22 Isaurinha Garcia “O Sorriso do Paulinho” [Gastão Viana, Mário Rossi] 1942
23 Aurora Miranda “Mania de Malandro” [Herivelto Martins] 1938
24 Noel Rosa & Marília Batista “De Babado” [João Mina, Noel Rosa] 1936

22/12/2007

Natal no Brasil Volume 2 [BRLP 102]

Com o segundo volume da coletânea “Natal no Brasil”, o Bossa-Brasileira se despede das atividades neste ano de 2007. Desejamos a todos os amigos um Feliz Natal e um ano novo com muita paz, muito amor e muita música para todos nós.

O lado mais nostálgico e contemplativo do Natal Brasileiro aparece neste segundo volume. A favela, a solidão das cidades, o sertão, a infância... São faixas que resgatam a memória afetiva do Natal no Brasil, é o momento em que a festa cede espaço para a reflexão, reforçando o significado religioso da celebração universal que tomou moldes únicos na cultura brasileira. Estão presentes as vozes de Ângela Maria, Francisco Alves, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Dalva de Andrade, Paraguassú, Ivon Curi, João Dias, Gastão Formenti, Inezita Barroso; além das vozes de duos como Tonico e Tinoco, Alvarenga e Ranchinho, Laranjinha e Zequinha, Flauzinho e Florêncio, Duo Brasil Moreno, Irmãs Maria, mais os conjuntos do guitarrista Poly, do Maestro Radamés Gnattali e outros. Entre os compositores estão nomes como os de David Nasser, Francisco Alves, Lamartine Babo, Mário Albanese, Paraguassú entre muitos outros. É um convite a relembrarmos de uma época em que o Natal significava muito mais do que infelizmente significa hoje.

“Natal no Brasil” Volume 2 [BRLP 102]

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01 Ângela Maria “Outros Natais” [Cláudio Luiz] 1956
02 Francisco Alves “Cantiga de Natal do Brasil” [Násser, Martins, Francisco Alves] 1951
03 Paraguassú “Natal dos Caboclos” [Ariovaldo Pires, Paraguassú] 1938
04 Carlos Galhardo “Sonho de Natal” [Sanches de Andrade] 1941
05 Alvarenga & Ranchinho “Meu Presente” [Alvarenga e Ranchinho]
06 Flauzinho & Florêncio “Sinos de Natal” [Flauzinho, Florêncio] 1939
07 João Dias “Jingle Bells” [Pierpont versão Evaldo Rui] 1951
08 Orlando Silva “A Valsa do Natal” [Hilton Gomes, Sivan] 1953
09 Laranjinha & Zequinha “Natal no Sertão” [Reinaldo Santos, Vicente Lia] 1953
10 Irmãs Maria “Nosso Natal” [Irmãs Maria]
11 João Dias “Fim de Ano” [Francisco Alves, David Nasser] 1951
12 Dalva de Andrade “Alegre Natal” [Nina Sercil] 1959
13 Tonico & Tinoco “Papai Noel” [Tonico e Tinoco] 1956
14 Inezita Barroso “Entrai Pastorinhas” [loa pastoril do sec XVIII] 1959
15 Poly & Côro “Estrela do Menino Pobre” [Mário Albanese, Gioia Jr] 1961
16 Gastão Formenti “Sonhos de Natal” [Henrique Vogeler, J. Menra, Lamartine Babo] 1929
17 Ângela Maria “Não Chore Linda Criança” [Guido Medina, Harry Marques] 1954
18 Ivon Curi “Quando Chega o Natal” [Sereno] 1957
19 Poly & Côro “Natal dos Caboclos” [Ariovaldo Pires, Paraguassú] 1961
20 Duo Brasil MorenoNoite Feliz” [Franz Gruber, versão Mário Zan] 1956
21 Trio Madrigal, Trio Melodia & Conjunto Radamés Gnattali “Cantigas de Natal parte 1”

Feliz Natal!

21/12/2007

Natal no Brasil Volume 1 [BRLP 101]

O Bossa-Brasileira tem a felicidade de apresentar “Natal no Brasil”, uma coletânea em dois volumes apresentando a música brasileira do passado criada especialmente para a celebração do Natal. São 20 faixas neste primeiro volume com músicas registradas entre 1933 e 1956 por diversas casas gravadoras. O Brasil, nosso gigante tropical, não poderia apenas reeditar as canções natalinas em voga há muitos anos mundo afora. Criamos canções próprias, muitas vezes tão ou mais belas, e tão fortemente gravadas em nosso imaginário, quanto as “estrangeiras”. São as músicas do Natal Brasileiro que esta coletânea resgata. O Natal que era [e ainda é] celebrado nas casas simples dos recantos pacatos dos sertões, nas cidades sopradas pelo vento salgado que vem do nosso mar, nas vilas e moradias cravadas nas serras e no manto escuro das mata fechadas. O “Natal no Brasil” é cantado em verso e melodia por nossas maiores vozes do passado: as vozes de Francisco Alves, Aurora Miranda, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Leny Eversong, Ângela Maria e João Dias, Carmen Miranda, Dick Farney, Alvarenga e Ranchinho, Blackout, Neide Fraga e Zelinha do Amaral. Os cantores tem acompanhamento especial de maestros e conjuntos como os de Radamés Gnattali, Maestro Fon-Fon, Maestro Severino Filho, os conjuntos Diabos do Céu, Trio Madrigal, Trio Melodia, Aloysio e seu Conjunto e outros infelizmente não creditados. Entre os compositores estão nomes como Ary Barroso, Herivelto Martins, Hervé Cordovil, Lina Pesce e David Nasser.

“Natal no Brasil” - Volume 1 [BRLP 101]

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01 Conjunto Radamés Gnattali “Introdução: Cantigas de Natal parte 2” [introdução]
02 Carlos Galhardo & Diabos do Céu “Boas Festas” [Assis Valente] 1933
03 Aurora Miranda “Natal Divino” [Milton Amaral] 1935
04 Leny Eversong “Prece de Natal” [Saccomani, Tedesco, Melo] 1956
05 Neide Fraga “Quando Chega o Natal” [Sereno]
06 Zelinha do Amaral “Presente de Natal” [Alvarenga, Ranchinho] 1936
07 Francisco Alves “Meu Natal” [Ary Barroso, Francisco Alves] 1934
08 Aurora Miranda “Sinos de Natal” [André Filho] 1934
09 Carmen Miranda “Dia de Natal” [Hervé Cordovil] 1935
10 Francisco Alves & Côro “Natal” [Herivelton Martins, Rogério Nascimento] 1945
11 Elizeth Cardoso “Cantiga de Natal” [Lina Pesce] 1956
12 Dick Farney “Feliz Natal” [Armando Cavalcanti, Klécius Caldas] 1949
13 Ângela Maria & João Dias “Papai Noel Esqueceu” [David Nasser, Herivelto Martins] 1956
14 Francisco Alves “Sinos de Natal” [Victor Simon, Wilson Roberto] 1951
15 Blackout “Natal das Crianças” [Blackout] 1956
16 Alvarenga & Ranchinho “Noite de Natal” [Alvarenga, Newton Teixeira] 1941
17 Orlando Silva “Noite de Natal” [Maugéri Neto, Maugéri Sobrinho] 1952
18 Carlos Galhardo “Feliz Natal” [Ghiaroni, Peterpan] 1950
19 Dalva de Oliveira & Roberto Inglez “Noite de Natal” [Franz Gruber, versão Mário Rossi]
20 Trio Madrigal, Trio Melodia & Conjunto Radamés Gnattali “Cantigas de Natal parte 2”

Feliz Natal!

24/04/2007

Melodias Imortais com Pattápio Silva [BRLP 003]

Há exatos cem anos, falecia em Florianópolis, capital de Santa Catarina, um dos maiores músicos que o Brasil já teve. Pattápio Silva era seu nome. Viveu pouco, apenas 27 anos. A maior parte deles, dedicados à música.

Em seu tempo Pattápio, ou Patápio [os dois t's foram abolidos com o passar dos anos], foi considerado um fenômeno musical espantoso, e se tornou mestre de seus mestres. Mais do que virtuose em seu instrumento, a flauta, Pattápio provaria ser um artista extremamente sensível e inspirado, e também um compositor completo. Sua música possuía uma beleza misteriosa, a imprensa de seu tempo atestou: “gênio igual, não mais apareceria neste século”.

Por ocasião do centenário da morte do flautista, o jornal Diário Catarinense, em seu caderno de cultura, publicou uma bela reportagem escrita pelo jornalista Maurício Oliveira, detalhando a passagem de Pattápio Silva pela cidade. A matéria na íntegra pode ser lida aqui. Foram incluídas também, imagens raras pertencentes ao acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.

O músico, em fotografia de Valério Vieira.

Pattápio Silva nasceu na vila de Itaocara, no Rio de Janeiro em 22 de Outubro de 1880. Sua família era simples, o pai barbeiro. O menino que aos 12 anos já trabalhava ao lado do pai, ganhava respeito e admiração dos colegas da pequena vila, tirando som de canudos de madeira ou bambus, com apenas 5 furos. Tocava no intervalo do trabalho e logo a barbearia se via lotada: “Aquêle pobre instrumento serviu para grande reclame, não só dos negociantes do tal artigo, que passou a ser vendido em grande escala a todos os meninos, como também, para demonstrar a grande vocação de Pattápio.” - escreveu seu irmão Cícero Menezes em curta biografia publicada em 1953.

“Com apenas 26 anos Patápio era um célebre concertista, condição que alcançara ao se destacar como aluno do curso de flauta do Instituto Nacional de Música, do Rio de Janeiro, a mais importante escola do gênero no país à época.” – escreve Maurício Oliveira. O jornalista descreve as circunstâncias de sua morte repentina, incluindo fatos pouco esclarecidos até hoje. Mas omite a informação de que os bens do músico [incluindo roupas, flautas e partituras] foram leiloados na capital Catarinense, para pagar uma dívida abusiva cobrada pelo dono do Hotel do Comércio – o prédio está em pé até hoje [foto abaixo] - relacionada a despesas com hospedagem e tratamento médico. Seu enterro na Capital Catarinense no entanto, teve honras de Estado e foi acompanhado por uma multidão comovida. A notícia abalou a pequena cidade que não chegou a ver o famoso músico se apresentar, e também chocou o país. Mais tarde seu padrasto conseguiu recuperar parte destes bens, pagar definitivamente a dívida e fazer o translado do despojos para o Rio de Janeiro.

Fachada do antigo Hotel do Comércio, centro de Florianópolis - hoje.

O gênio de Pattápio Silva ainda teve tempo de fazer as primeiras gravações de um instrumentista solo do país, para a Casa Edison, no selo Odeon. Deixou pouco mais que 15 músicas lançadas em discos de 78 rpms, gravadas a partir de 1904 até o ano de sua morte, 1907. Registro único da dimensão do que foi a sua arte. Pattápio sofreu por conseqüência de sua posição como músico excepcional. No ano de sua morte, estava magoado e sentia-se desiludido com a sociedade musical a que pertencia. Muito jovem ainda, mulato e de origem humilde, ele não era levado a sério pelos maestros e professores, até estes o ouvirem tocar. Foi ovacionado nos salões e banquetes elegantes, mas teve problemas financeiros por toda a vida. Dominou o seu instrumento, mas o julgava imperfeito, a flauta não lhe oferecia todos os recursos e queria mudá-la para que pudesse executar plenamente sua música. Pretendia visitar fábricas na Europa e assim, tentar aperfeiçoar o instrumento. Para bancar a viagem, iniciou uma turnê de excepcional sucesso por diversas cidades entre o Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, e finalmente Santa Catarina. Era o auge e o fim de sua curta, mas espantosa trajetória.

Selo do disco com a música "Só Para Moer" na Odeon.

O Bossa-Brasileira reuniu 12 gravações históricas de Pattápio Silva nesta coleção, todas realizadas para a Casa Edison. Composições para flauta e piano, algumas eruditas, outras populares, numa fusão estética que só um artista genial como Pattápio Silva poderia executar.

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Melodias Imortais com Pattápio Silva

01 Variações de Flauta [Pattápio Silva]
02 Serenata Oriental [Ernesto Kohln]
03 Noturno [Pattápio Silva]
04 Só Para Moer [Viriato Figueira da Silva]
05 Serenata d'Amore [Pattápio Silva]
06 Alvorada das Rosas [Júlio Reis]
07 Serenata [Gaetano Braga]
08 Primeiro Amor [Pattápio Silva]
09 Dueto Para Flauta e Violino [Pattápio Silva] com Serpa ao violino
10 O Sonho [Pattápio Silva]
11 Serenata de Schubert [Franz Schubert]
12 Margarida [Pattápio Silva]

Bossa-Brasileira BRLP 003, gravações realizadas entre 1904 e 1907

Compilado e masterizado por Thiago Mello por ocasião do centenário da morte de Pattápio Silva - Florianópolis em 24 de Abril de 2007. Esta compilação não pode ser comercializada, é um presente do site Bossa-Brasileira.

Foto rara de Pattápio, encontrada no Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.

15/02/2007

Carnaval em Bossa

A coletânea Carnaval em Bossa [BRLP 002], parte da coleção Bossa-Brasileira, foi reeditada em Novembro de 2008 e pode ser baixada aqui. Abaixo, texto da postagem original:

“Através da música, o Carnaval do passado pode ser revisto. Algumas das marchas e sambas carnavalescos que se tornaram célebres - na verdade a sua grande maioria - não atravessaram o tempo. É uma produção que ainda está a ser descoberta. O blog Bossa-Brasileira produziu uma coletânea, com exemplos deste rico painel musical, também uma indicação de pesquisa. Aqui, apenas um singelo exemplo, um pequeno painel do que de melhor foi gravado em música de Carnaval no Brasil. São em sua maioria marchinhas, alegres ou melancólicas e alguns sambas. Todos representantes legítimos do som que se fazia e se ouvia no Carnaval Brasileiro de outras épocas...”

22/12/2006

Natal no Brasil

Foto da capa disco Natal no Brasil coletânea do selo Copacabana lançada em 1956, que serviu de base e inspiração a coletânea de Natal do Bossa-Brasileira... - post original da coletânea “Natal no Brasil” que pode ser baixada em dois volmes aqui [vol. 1] e aqui [vol. 2].