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31/12/2011

“Sangue Mineiro” 1929 direção Humberto Mauro [trilha musical BossaFilmes]


“Sangue Mineiro” é um dos filmes mais importantes produzidos durante a era do cinema mudo no Brasil. Dirigido por Humberto Mauro e fotografado por Edgar Brazil [o fotógrafo do inacreditável “Limite”], “Sangue Mineiro” é estrelado por Carmen Santos, Maury Bueno, Nita Ney, Máximo Serrano e outros. A trama gira em torno do olhar romântico e das desventuras amorosas de quatro jovens, em especial nas de Carmen, interpretada com sutileza e emoção pela então estrela Carmen Santos.

No entanto o que se vê na tela é o retrato de uma sociedade rural e conservadora vista através do olhar microscópico e nada convencional de Humberto Mauro. O solar onde se passa a maior parte da ação, assim como a natureza que emoldura as belíssimas cenas de exterior, não são apenas cenários e tomam ares de personagens. A iluminação, o uso dos travellings, closes, planos sequenciais, a câmera focando os pés, o céu ou a cidade vista do alto, cada fotograma revela o cuidado e a intenção de criar uma estética visual extremamente bem cuidada.

Nada passa pelas lentes de Mauro sem que a ação seja enriquecida pelos detalhes. Toda a sequencia do baile de São João – a principal do filme – que culmina em uma tensa tentativa de suicídio é perfeita e bem amarrada. A cena da luta entre os primos tem a edição dinâmica, assim como a cena do acidente automobilístico. A câmera se emociona na sequencia em que as irmãs adotivas se reencontram, ou na cena em que Nita Ney esconde a fotografia do amado, quando a mobília se torna personagem da ação. Outras sequencias evocam o prazer de se estar ao ar livre no campo, ou a liberdade da “vida moderna” quando é Carmen quem dirige o calhambeque com naturalidade. “Sangue Mineiro” é poesia em cada fotograma.

Ao nos apaixonar pelo filme, de imediato pensamos em qual seria a trilha sonora adequada que pudesse enriquecer a experiência de assisti-lo. E assim, em 2011, a BossaFilmes tomou a liberdade de adicionar uma trilha musical ao filme, como parte do resgate da memória áudio-visual brasileira promovida por este site.

Após uma extensa pesquisa e um sem número de horas de edição, foram escolhidas as peças musicais que entrariam na trilha. Música erudita brasileira, interpretada por artistas brasileiros, preferencialmente em gravações originais de época. Uma enorme responsabilidade para com o filme em si e para com a obra de Humberto Mauro e dos compositores e intérpretes envolvidos. O trabalho intrincado de edição de som exigiu meses de dedicação até a mixagem final. O resultado pessoalmente nos pareceu satisfatório e com o youtube nos doando uma conta em que permite uploads de filmes inteiros, “Sangue Mineiro” de Humberto Mauro renasce na rede, agora com trilha sonora.

Dividido em temas, a trilha musical tem Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Hekel Tavares, Ernesto Nazareth, Camargo Guarnieri, Joaquim Manoel da Câmara, Santos Coelho, Júlio Reis, Lina Pesce e Guerra-Peixe. Entre os intérpretes estão Oscar Borgerth, Pattápio Silva, Arnaldo Estrela, Carolina Cardoso de Menezes, Léo Peracchi, Homero de Guimarães, Iara Behs e outros.

Agradeçemos a todos que apoiaram este projeto, em especial a Humberto Mauro pelo legado e inspiração. Para outras informações sobre este e os novos projetos envolvendo a adição de trilhas para filmes mudos aqui.

Desejamos um fantástico 2012 a todos! 

Este projeto não tem fins lucrativos.

c & p 2011 BossaFilmes

“Meus Oito Anos” 1955 direção Humberto Mauro


“Meus Oito Anos” faz parte da série de curtas documentais “Brasilianas” produzida e dirigida por Humberto Mauro na década de 1950. Com poesia de Casimiro de Abreu, cenário musical de José Mauro, arranjos do maestro Aldo Taranto e fotografia de José A. Mauro. “Meus Oito Anos” é um pequeno exemplo da maturidade artística do diretor que registra com poesia e belas imagens a sua própria infância.

“Aruanda” 1960 direção Linduarte Noronha



“Aruanda” é um documentário produzido e dirigido por Linduarte Noronha, em 1960 e retrata o cotidiano de uma comunidade rural fundada por descendentes de escravos no interior da Paraíba. Com linguagem poética e cinematografia arrebatadora, o filme é considerado influente no inicio do movimento do Cinema Novo. No entanto a referencia principal é o cinema de Humberto Mauro e sua série de curtas documentais “Brasilianas”, onde a delicadeza do olhar e a simplicidade estética foram inspiração para Linduarte Noronha compor este belo retrato de sua terra que é “Aruanda”.  Atenção para a hipnótica cena da confecção do pote de cerâmica. Belíssimo.